"O nascimento de Vénus", 1875
por Alexandre Cabanel (francês, 1823–1889)
Fonte da imagem: Metropolitan Museum of Art
E da noite súbito vencida
um corpo auroreal vai-se movendo,
primeiro os braços afastando as trevas,
pouco depois a fronte gloriosa
com dois olhos mansos como fontes
e o torso nu, as ancas e o sexo.
Eis que desfaz os últimos indícios
da noite espectral e primitiva
e corre pelos montes e florestas,
deixando atrás de si rios e lagos
e os belos animais surpreendidos.
Eis que solta um grito misterioso
em direcção ao mar que se ilumina
e das suas ondas Ela irrompe
com os seios marítimos, salinos,
e algas, búzios, peixes, escorrendo
dos seus longos cabelos madrugantes.
José Terra
Para o poema da criação, 1953
Edição utilizada: Líricas Portuguesas – 3.ª Série, org. de Jorge de Sena, Vol. II, 2.ª ed., Lisboa: Edições 70, 1983, pp. 356-357.
Sem comentários:
Enviar um comentário