01/09/2014

DOS LIVROS NO CINEMA

Fonte: Feira do Livro do Porto”, no Facebook, 22.08.2014.


“DOS LIVROS NO CINEMA”
Feira do Livro do Porto apresenta
ciclo sobre a representação cinematográfica do livro
  
«A Câmara Municipal do Porto organiza pela primeira vez a Feira do Livro e atribuiu-lhe o tema “Liberdade e Futuro”. Do vasto programa cultural faz parte um ciclo de cinema, onde os filmes escolhidos colocam em jogo e questionam diferentes aspetos e práticas em torno dos livros: a memória, a ideologia, a leitura, a fé, a loucura, a criação, a fantasia e o saber.

«O ciclo - que decorrerá no auditório da Biblioteca Almeida Garrett, situado na Avenida das Tílias (jardins do Palácio de Cristal), onde estarão instalados os pavilhões da Feira do Livro - foi denominado “Dos Livros no Cinema” e visa compendiar uma série de obras nesta categoria, oferecendo material para um debate em torno da representação cinematográfica do livro, da sua física e da sua metafísica.

«Procurando uma grande amplitude - geográfica (da Dinamarca aos Estados Unidos, passando por França, Portugal e Egipto), temporal (do mudo ao contemporâneo) e estilística (de Dreyer a Minnelli) – Dos Livros no Cinema pretende tecer um discurso (e dar nascimento a outros) sobre o livro e a já extensa carta de amor que o cinema lhe escreveu ao longo de um século.

«O âmbito do ciclo não será apenas arquivístico e historiográfico, mas também de indagação do futuro: numa era em que a leitura digital ganha terreno - na vida e no cinema - propõe-se uma discussão, através das intervenções dos convidados que apresentarão cada filme, sobre o lugar que o livro poderá continuar a ter no nosso mundo, as suas novas declinações, a sua sempre renovada importância.

«A entrada nas sessões é livre, tal como em todos os eventos culturais que decorrerão na Biblioteca e Galeria Municipal no âmbito da Feira do Livro do Porto.

«A Feira do Livro do Porto, que pela primeira vez em mais de 80 anos é organizada diretamente pela autarquia, conta este ano com mais de 100 pavilhões de exposição contando com dezenas de editoras, livreiros e alfarrabistas.

«Além da venda de livros, a Feira do Livro do Porto de 2014 contará com um ciclo de debates, exposições, um festival de “Spoken Word”, performances musicais, um ciclo de cinema e muita animação, o que a transformam num dos maiores festivais literários jamais realizados em Portugal.

“DOS LIVROS NO CINEMA”

Organização da Câmara Municipal do Porto
Programação - António Costa & David Pinho Barros
De 7 a 21 de Setembro de 2014
Local - Biblioteca Municipal Almeida Garrett

PROGRAMA


Sessão 1. - Três curtas-metragens

Domingo, 7 set., 21h30
 Apresentadores convidados: João Botelho e Mariana Ferreira

Toute la mémoire du monde
Realização: Alain Resnais. Argumento: Rémo Forlani
França, 1956. Duração: 21’

Somos Livros
Realização e argumento: Mariana Ferreira
Portugal, 2013. Duração: 45’

Se a memória existe
Realização: João Botelho. Argumento: Manuel António Pina
Portugal, 1999. Duração: 25’

«Esta sessão reúne três obras que pensam o livro enquanto arquivo e potenciador de memória. Em Toda a Memória do Mundo, Resnais constrói um ensaio fílmico sobre os limites do conhecimento, a sua conservação no formato escrito e a responsabilidade da transmissão da memória humana. Em Somos Livros, Mariana Ferreira filma e interroga a memória dos livreiros e editores independentes de Portugal. Finalmente, em Se a Memória Existe, João Botelho responde a uma encomenda para a comemoração dos 25 anos do 25 de Abril com uma representação da leitura do livro O Tesouro de Manuel António Pina, levantando questões fulcrais sobre as possibilidades de transmissão às gerações futuras de uma experiência coletiva marcante.»

Sessão 2. - Fahrenheit 451

Terça-feira, 9 set., 21h30
Apresentador convidado: Pedro Abrunhosa

Fahrenheit 451
Realização: François Truffaut. Argumento: F. Truffaut e Jean-Louis Richard
Reino Unido, 1966. Duração: 112’

«Fahrenheit 451 foi o único filme que François Truffaut realizou fora do seu país. Nele, o cineasta executou uma brilhante adaptação do romance homónimo de Ray Bradbury, situado num futuro hipotético onde os livros e a leitura são proibidos. Guy Montag é um dos bombeiros responsáveis pela destruição dos livros descobertos pela polícia do estado e exerce a sua profissão sem qualquer má consciência. O encontro com Clarisse, uma leitora clandestina, vai mudar por completo esta realidade. Mais atual do que nunca, Fahrenheit 451 é uma extraordinária reflexão sobre a digitalização da sociedade, a morte do livro, a censura da arte e o controlo estatal sobre as opções individuais.»

Sessão 3. - Ciclo As Cinzas de Pasolini

Quarta-feira, 10 set., 21h30
Apresentador convidado: Roberto Chiesi (Diretor, Cineteca Bologna)
Em parceria com o festival Cinecoa

Che Cosa Sono le Nuvole?, La Terra Vista dalla Luna, La Ricotta
Realização e argumento: Pier Paolo Pasolini
Itália, 1968, 1967, 1963. Duração: 22’, 30’, 35’

Sessão 4. - Páginas do Livro de Satanás

Sábado, 13 set., 21h30
Apresentador convidado: Sousa Dias

Blade af Satans Bog
Realização: Carl Theodor Dreyer. Argumento: Edgar Høyer
Dinamarca, 1920. Duração: 157’

«Filme mítico e raro de Carl Theodor Dreyer, que trabalha o livro enquanto símbolo de fé e fonte de conhecimento divino. Nele, Satanás é banido do Céu e condenado a uma deambulação pela Terra. Para poder regressar, terá que propor aos Homens uma série de tentações, sendo que a cada cedência verá a sua pena alargada por mais cem anos. Se, pelo contrário, encontrar resistência, mil anos serão retirados à punição. Vagamente baseado no romance The Sorrows of Satan da escritora escocesa Marie Corelli e inspirado na estrutura narrativa segmentada de Intolerance de Griffith, Páginas do Livro de Satan é uma das obras mais místicas do austero cineasta dinamarquês.»

Sessão 5. - A Divina Comédia

Terça-feira, 16 set., 21h30
Apresentador convidado: António Preto

A Divina Comédia
Realização e argumento: Manoel de Oliveira
Portugal/França/Suíça, 1991. Duração: 140’

«N’A Divina Comédia de Manoel de Oliveira, os livros são os porta-vozes de uma série de pacientes de um hospício que se veem como figuras bíblicas ou literárias: Jesus, Lázaro, Marta, Maria, Adão, Eva, Sónia, Raskolnikov, Aliosha e Ivan Karamasov, Santa Teresa d'Ávila, um filósofo, um poeta. As leituras são a sua comunicação e estão ao serviço dos principais questionamentos formulados pelo filme: o que são o bem e o mal, onde estão a santidade e o pecado. Com uma excecional fotografia de Ivan Kozelka, A Divina Comédia foi nomeado para o Leão de Ouro e vencedor do Grande Prémio do Júri do Festival de Veneza de 1991.»

Sessão 6. - Deus Sabe Quanto Amei

Quarta-feira, 17 set., 21h30
Apresentador convidado: Rui Reininho

Título original: Some Came Running
Realização: Vincente Minnelli
Argumento: John Patrick e Arthur Sheekman
Estados Unidos, 1958. Duração: 137’

«Um dos mais reverenciados filmes de Minnelli, cineasta aclamado nos Estados Unidos e na Europa pelos seus icónicos musicais, Deus Sabe Quanto Amei apresenta a história de um veterano do exército que chega à sua cidade natal, Parkman, depois de ter sido deixado, ébrio, numa camioneta em Chicago. Na bagagem, livros de Hemingway, Steinbeck, Faulkner, Fitzgerald e Wolfe, e a vontade de escrever. No entanto, a vida da literatura e a das ruas de Parkman não são coincidentes, e iniciar uma carreira como escritor não se revela fácil. O filme de Minnelli, executado com um sublime aproveitamento das potencialidades da Metrocolor, questiona, assim, o ato de criação literária e a génese do livro.»

Sessão 7. - Gwen, O Livro de Areia

Sábado, 20 set., 11h00
Apresentador convidado: Abi Feijó

Título original: Gwen, le Livre de Sable
Realização: Jean-François Laguionie
Argumento: Jean-François Laguionie e Jean-Paul Gaspari
França, 1985. Duração: 67’

«Jean-François Laguionie é um dos mais respeitados cineastas de animação franceses, tendo iniciado a sua carreira com três curtas-metragens nos anos 60, todas vencedoras de prémios em festivais internacionais. Em Gwen, O Livro de Areia, a sua primeira longa-metragem, constrói uma complexa narrativa em torno de uma tribo nómada num mundo pós-apocalíptico, tentando proteger, por bizarros caminhos, as tradições das civilizações antigas. O livro ocupa uma posição central nesta reflexão de Laguionie, constituindo, simultaneamente, um recetáculo da memória humana e uma catapulta para outros mundos fantásticos. O filme foi o vencedor do Festival de Los Angeles, bem como do grande prémio da crítica do Festival de Annecy.»

Sessão 8. - A Leitora

Quarta-feira, 10 set., 21h30
Apresentador convidado: Rosa Maria Martelo


Título original: La Lectrice
Realização: Michel Deville
Argumento: Michel Deville e Rosalinde Deville
França, 1988. Duração: 97’

«Em A Leitora, Michel Deville utiliza um mecanismo de mise en abyme para contar a história de uma rapariga que lê o romance La Lectrice de Raymond Jean e que se apaixona de tal forma pela protagonista que decide adotar a sua profissão: a de leitora ao domicílio. Os clientes são muitos e, por diferentes razões, pedem-lhe que lhes recite Sade, Marx, Tolstói, Maupassant ou Duras. A partir deste jogo e recorrendo a notáveis subtilezas irónicas, o filme coloca em marcha um inovador dispositivo de questionamento da leitura e do papel do livro na vida humana, tanto a nível individual como gregário. Foi o vencedor do prémio Louis Delluc.»

Fontes:
  • Feira do Livro do Porto”, no Facebook, 22.08.2014. – Texto apresentado com ligeiras alterações, de forma.
  • Iconografia dos filmes obtida na Internet, através do Google.

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