02/05/2015

«Diamante», poema de Henrique Levy





DIAMANTE

de onde me vem a palavra
esta insanidade em meus dedos
a tontura o riso a louca
este debruçar d’alma sobre si
a espelhar uma doença uns medos
a endoidar ensandecido em sonhos

oníricos momentos que ao largo passam

no mar

lá longe onde meus braços não podem abraçar
rimo toco e beijo contigo a mesma terra
que embarca lastro rumo ao mundo

as asas as nossas mãos o divino céu...

louvo-te de joelhos sem saber da dor da vida...
o vazio nas mãos as linhas o destino...
juntos o mar os lagos os rios...
e cada gota cada nota cada dó...
é luto é alma é cinza...

o beijo dos teus lábios são os meus

perdidos em ondas de espuma
que esperam da tua boca estonteados
os beijos teus ainda

ó no meu peito floresce uma hora

que perco e ganho quando os cílios toco
estremece-me o corpo inacessível a outro
diamante vermelho triunfante

HENRIQUE LEVY


In Mãos navegadas. Odivelas : Europress, 1999.
Reprod. de poema e imagem a partir do perfil do autor no Facebook, 1.05.2015.

2 comentários: